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Instante

Saio dali, ao som de uma musica estridente, alta, vendo apenas o asfalto em minha frente, e vejo minha vida nele, percebo que posso compará-lo ao talvez último instante de minha vida.
Eu estou sozinho ao lado de dezenas de pessoas, eu apenas estou sentindo aquele momento, aquele que pode ser o ultimo, e o primeiro de muita coisa.
O som continua, aquela musica embala o segundo não passa e meus passos estão travados, algum sentimento repentino me arranca uma lágrima, que vai pesando mais a cada milésimo, e tudo apenas me diz, SIGA PELA ESTRADA.
Este segundo parece nunca passar - e eu torço para que ele não passe mesmo -, eu não consigo me imaginar enfrentando aqueles buracos na pista.
Nesse momento eu não me sinto culpado, eu não consigo me sentir nada, apenas o que eu penso, “penso, logo existo”, nesse segundo a única certeza que eu tenho é o que eu posso pensar, eu duvido de mim próprio e me sinto um René Descartes haha! – quem sabe se eu não sou apenas um pensamento de algum demônio? -, o segundo passa...
Ele passou. Ali se inicia uma nova vida, não volto mais a aquele local, não dou mais o mesmo passo, não respiro mais o mesmo ar, não movo o mesmo grão de poeira e Heráclito sempre esteve certo.
Saio caminhando saltitante, duvidoso e feliz concordando com Buda.

"Você deveria saber que todas as coisas nesse mundo são efêmeras- unir-se significa inevitavelmente separar-se. Não se entristeça, pois tal é a natureza da vida"
Buda

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